Varejo hiperlocal e seu impacto na indústria de interiores
A pandemia, a emergência climática e as tensões geopolíticas mundiais expuseram a fragilidade dos sistemas globais e aceleraram uma mudança nos valores e atitudes de marcas e consumidores, fazendo com que eles mudassem de uma abordagem global para uma hiperlocal. Como resultado, empresas e consumidores estão sendo forçados a repensar os sistemas tradicionais de produção e consumo, tornando o varejo local uma oportunidade-chave no sucesso das empresas.
Em 2020, a WGSN previu a ascensão do varejo local, e após quatro anos de volatilidade nas cadeias de produção e no cenário geopolítico, esse conceito chegou para ficar. Pesquisas apontam que 80% dos consumidores no mundo todo pagariam mais por produtos locais, enquanto 53% acreditam que é mais importante prestigiar o comércio local agora do que antes da pandemia. Da estratégia de varejo ao desenvolvimento de produto, investir no senso de comunidade e na promoção da conexão com a história e os fabricantes locais serão diferenciais de mercado em 2025.
A influência do hiperlocalismo na indústria de interiores
Com a inflação em alta, a digitalização e a queda de confiança nas instituições, o consumidor está reavaliando a sua relação com as marcas. Atualmente, quase o dobro dos consumidores globais alegam preferir comprar de marcas que suscitam emoções como alegria (49%) ou prazer (45%) em vez de marcas cuja venda é o único intuito (26%).
Com isso, a adoção e o uso de recursos locais continuarão a crescer à medida que os consumidores buscam uma experiência mais autêntica. Os movimentos culturais geram uma rica ressonância histórica e emocional, acompanhando o apelo do consumo com propósito. Esse apreço renovado por designs inspirados na cultura é uma ótima maneira de transmitir uma sensação de familiaridade em tempos incertos, ao mesmo tempo em que também valoriza o crescente interesse dos consumidores por acabamentos mais artesanais nos itens de decoração.
O foco no design hiperlocal e baseado em valores, uma importante oportunidade de produto para 2025 e além, significará que as empresas precisarão agir de forma responsável e respeitosa em projetos colaborativos com artesãos e comunidades de artesanato.
No desenvolvimento de produtos, será fundamental reimaginar o passado para uma nova era. Mitos, folclore e temas espirituais serão abordados com respeito, promovendo parcerias responsáveis, cocriações inclusivas e representações culturais autênticas. As técnicas artesanais aparecerão em contextos mais sofisticados ou em detalhes inusitados. Os princípios do patchwork serão aplicados não só nos tecidos, mas também na construção dos produtos, onde elementos que parecem incongruentes serão combinados de modo harmonioso e surpreendente.
Exemplos de hiperlocalismo na indústria de interiores
No Brasil, algumas marcas já buscam essa conexão com o design ou comunidade locais. Uma delas é o Oiamo, um estúdio brasileiro nômade criado por Tiago Braga e dedicado a mapear e preservar técnicas folclóricas e ancestrais por meio do "design ancestral", reinterpretando esses artesanatos em pequenas coleções cocriadas com os artesãos.
No México, os acessórios de banheiro do coletivo Taller Maya são feitos à mão por artesãos maias da Península de Yucatán e uma equipe criativa que trabalha para manter a cultura maia viva. A marca nasceu com o propósito de incentivar a recuperação de técnicas específicas da cultura maia, misturando a sabedoria milenar da cultura e o design contemporâneo.
Já a Campante, marca portuguesa, celebra a fina arte do bordado português com toalhas de mesa dedicadas a preservar e reviver tradições artísticas regionais. Fazendo a ponte entre o artesanato tradicional e o design contemporâneo, a Campante trabalha com bordadeiras locais para produzir coleções luxuosas de toalhas de mesa. Ao revitalizar a arte do bordado, uma tradição local desenvolvida para uso doméstico e enxoval, a marca ajuda a preservar a identidade cultural da região.
O conceito de hiperlocalismo influenciará não apenas a indústria de interiores, mas o mercado como um todo, já que 41% dos consumidores em nível global esperam que seus produtos cheguem em menos de 24 horas e que 24% querem que suas compras sejam entregues em menos de duas horas. Para descobrir como esse fenômeno impactará outras indústrias em especial, agende uma demonstração com o nosso time e saiba como a WGSN vem mapeando a evolução desse movimento.
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