Design sustentável para o mercado de interiores
Mais do que a maioria das outras indústrias, o mercado de arquitetura e interiores é movido por produtos com uma vida útil mais longa. Ao mesmo tempo, os consumidores estão examinando a versatilidade, durabilidade, a proveniência da matéria prima e processos de produção dos bens adquiridos. E em paralelo, as marcas também precisam projetar o pós-compra: se o item poderá ser reciclável, reparável, revendido ou alugado. Pensando nestas questões que envolvem o segmento, a WGSN lançou um estudo exclusivo sobre como inovar em direção a um futuro sustentável no segmento de design de interiores. Divido aqui as principais tendências e estratégias de negócio para a indústria:
A demanda por móveis duráveis e ecológicos tem crescido, e com isso, os consumidores estão rejeitando produtos que tem na sua composição componentes prejudiciais ao meio ambiente. Como estratégia de negócio, a indústria vem buscando certificações que garantam fontes responsáveis, comunicação clara sobre fornecimento de matéria prima e rastreabilidade da cadeia produtiva, já que estes são fatores decisivos para a decisão de compra.
O número de móveis descartados aumentou 50% nos últimos 20 anos, portanto o aluguel de móveis e serviços de assinatura surge como uma solução para evitar que os itens de casa parem no lixão um dia. À medida que a Geração Z sai da casa dos pais e busca independência, eles buscarão mercados sustentáveis de segunda mão, plataformas de recommerce e programas de aluguel para mobiliar e decorar a casa - o que representa um potencial lucrativo para marcas e varejistas. Não só pela mentalidade sustentável, mas esse comportamento tem também a ver com uma necessidade econômica, já que muitos desses jovens estão agora vivendo um período de recessão, o que faz com que estejam mais cientes de seus gastos.
O desejo por modelos de assinatura e aluguel também faz sentido, pois as pessoas estão repensando a economia da posse. Esse modelo de negócio não oferece apenas flexibilidade para trocar o estilo da casa de acordo com o seu estilo de vida, mas também permite aos consumidores a gratificação de uma compra sem a culpa, pois o item devolvido não será descartado, mas sim ressignificado em outro lar ou reaproveitado para uma nova coleção.
Finalmente, vemos que o mercado vem adotando modelos circulares em que materiais, resíduos e os próprios produtos são reutilizados e reciclados em vez de descartados. Na outra ponta, os consumidores também estão se tornando mais conscientes do greenwashing, forçando a indústria a publicar compromissos futuros e exibir certificações de suas credenciais ecológicas. O fato é que a sustentabilidade continua sendo um tema prioritário para o consumidor. O público espera que as empresas liderem a mudança, e muitas pessoas querem participar da reconstrução do mundo junto com as suas marcas favoritas.
Essa matéria foi originalmente postada na coluna da WGSN na revista Casa & Jardim.