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Fashion

Custo de vida e consumo 2023: Novos caminhos para a moda

Em 2023, veremos os hábitos e prioridades dos consumidores mudarem na hora de investir em marcas e produtos. Apesar desse fenômeno ser global, o mercado de moda brasileiro também precisa lidar com os impactos desses novos comportamentos. Como inovar e chamar a atenção do consumidor? Quais seriam as prioridades de um consumidor que foi apresentado a um estilo de vida híbrido e prático? 
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O Futuro da Moda
Cotton Bro / Pexels

Em 2023, veremos os hábitos e prioridades dos consumidores mudarem na hora de investir em marcas e produtos. Apesar desse fenômeno ser global, o mercado de moda brasileiro também precisa lidar com os impactos desses novos comportamentos. Como inovar e chamar a atenção do consumidor? Quais seriam as prioridades de um consumidor que foi apresentado a um estilo de vida híbrido e prático?

A crise do custo de vida deixou os consumidores preocupados com a possibilidade de não conseguirem suprir suas necessidades básicas e por isso houve um crescimento na demanda por estabilidade, rotina e bem-estar, e o desafio para a moda é conseguir também garantir espaço no budget do consumidor. Nessa matéria, reunimos as tendências globais previstas pela WGSN para 2023 e 2024 e trazemos tanto as implicações no Brasil e na América Latina, como possíveis estratégias para que as marcas se adaptem às necessidades desse novo consumidor.

A inflação atingiu todos os mercados de forma decisiva: segundo relato da BBC, os alimentos se tornaram o principal vilão da inflação brasileira com aumento na economia de 12,13% no último ano. Outra área onde vimos um impacto para o consumidor brasileiro é na conta de luz. De acordo com estimativas da Aneel, a tarifa de energia elétrica deve subir em média 5,6% no Brasil em 2023, afetando diretamente famílias de baixa renda, afinal a conta de luz já representa um dos principais gastos mensais para 67% dos brasileiros. Em 2022, sete em cada dez pessoas (72%) abriram mão de outras compras para poder arcar com os custos da conta de luz, segundo levantamento da Associação Brasileira dos Comercializadores de energia (Abraceel).

Em meio a esse cenário, o custo-benefício será decisivo para que o consumidor finalize uma compra. No mercado de moda, a versatilidade de serviços e produtos justifica os gastos do consumidor, com peças do momento e itens que funcionem em diferentes looks ganhando relevância. Produtos com designs multifuncionais e adaptáveis, características cada vez mais populares, estão se tornando elementos-chave para uma rotina híbrida, já que o pessoal e o profissional passaram a dividir o mesmo espaço. A marca paulista Korshi 01 lançou sua última coleção com uma proposta de design funcional, onde calças clássicas se transformam em bermudas e shorts, e bucket-hats se tornam bolsas camisas e casacos multifuncionais. Neste modelo, as possibilidades são diversas e ajudam a resolver questões de praticidade.
 

Futuro da Moda 2023 - Korshi 01
Korshi 01 / WGSN

"O que nos motivou a criar a marca é encontrar soluções para os problemas do dia-a-dia, não só na moda. É fazer com que uma peça de roupa tenha um mar de possibilidades dentro do seu armário. É você não precisar ter dezenas de blazers, camisas e casacos, mas um item que sirva para tudo isso" disse Pedro Korshi, um dos fundadores da marca, em entrevista para a Vogue Brasil.

Além da multifuncionalidade de peças prontas, a indústria têxtil também está mostrando preocupação com a crise climática e tem tentado apresentar soluções sustentáveis. Investimentos em desenvolvimento de peças autolimpantes e que podem ser lavadas menos vezes, tecidos de materiais reciclados e outras estratégias afins são apostas que possuem espaço no mercado nacional. A marca brasileira Malwee é a pioneira em inovações na área e em 2022, além de apostar em energia renovável para reduzir os gastos de energia de suas fábricas, produziu um moletom a partir de fios de material reciclado. Esses são os primeiros passos para estimular uma prática de consumo consciente e para tornar viável uma oferta de peças de maior custo-benefício.

Economia Circular

As mudanças no setor econômico têm impacto direto no comportamento do consumidor. Além de olharmos itens com propostas funcionais, precisamos olhar para pontos de ação que envolvem economia circular, mercado de segunda mão e produtos com maior durabilidade.

Ao redor do mundo, a crescente preocupação com sustentabilidade na moda é um dos motivos que tem impulsionado o setor. No Brasil, a compra de itens usados já é uma realidade. Em um estudo da BCG, dos 3 mil respondentes 56% alegaram ter feito ao menos uma transação de compra ou venda desse tipo de produto nos últimos 12 meses.

Visando possíveis cenários, no nosso report Consumidor do futuro 2024, destacamos que a revolução do mercado de revenda é um dos fatores chave para o futuro do consumo, principalmente quando os preços dos produtos possuem tanta relevância. Por esse motivo, veremos um boom do mercado de segunda mão, projeção que já está compelindo marcas a criarem iniciativas para incluírem a revenda em seu modelo de negócio. O estudo A (re)descoberta da moda seminova no Brasil destaca que o mercado de itens de moda usados pode crescer de 15 a 20% até 2030, ultrapassando o valor do mercado de fast fashion. O brechó "Desapega que a vida carrega", o maior da categoria no Nordeste, faturou R$ 3 milhões em 2021 e se mostra um dos modelos mais bem sucedidos do cenário nacional.

 

Futuro da Moda - Economia Circular
Mart Production / Pexels

Há ainda os brechós online, como Enjoei e Roupartilhar, dois dos maiores e mais populares exemplos de e-commerce do setor de peças usadas no Brasil. No Instagram, a busca pelo tema é refletida nas hashtags: a tag #Brecho possui mais 6,7 milhões de publicações e #BrechoOnline, possui 5,2 milhões.

Ainda que os preços sejam grandes impulsionadores da valorização do mercado de segunda mão, há outros fatores que levam o consumidor a voltar seu interesse para o setor. Camilla Gonçalves, fundadora do brechó Brechominante, falou exclusivamente com a WGSN e contou sua trajetória de consumidora a empreendedora.

"As pessoas estão muito mais atentas e querem saber o que você tem para oferecer além da roupa, questionando quem são as pessoas que trabalham na sua empresa, se existem minorias envolvidas, quem você apoia, então tudo isso conta", diz a curadora.

 

Custo de Vida e Moda 2023
Ron Lach / Pexels

 

"Acredito que existe uma grande ponte que pode ser construída entre marcas e lojas vintage de segunda mão, com projetos e iniciativas de apoio onde todos possam sair ganhando com a junção do consciente com o fast, é sempre uma questão de ouvir os dois lados", conclui.

Em 2021, o maior brechó on-line do Brasil, o Repassa, foi adquirido pela Lojas Renner S.A. Juntas, as duas marcas lançaram a iniciativa Sacola do Bem em busca de proporcionar uma experiência mais prática e conveniente para os seus clientes, que apenas separam e enviam suas peças usadas para uma das lojas da marca Renner participantes do projeto.O envio das peças é realizado pela empresa.
 

Pontos de Ação

  1. Conheça a realidade do seu consumidor e traga informações que possam impactar diretamente o seu consumo.

    O consumidor hoje em dia está mais disposto a realizar uma pesquisa de mercado em busca de um preço que condiga, se adeque à sua realidade, por isso traga informações claras sobre as promoções semanais, benefícios da compra e impactos ambientais e sustentáveis dos produtos para prevenir que o consumidor saia da sua loja para procurar algo em outra.

     

  2. Invista em versatilidade e mostre os benefícios desse atributo.

    O público está buscando por roupas que tenham potencial para compor looks em diferentes ocasiões. Explore a importância de roupas práticas e funcionais adaptadas ao estilo de vida híbrido e flexível do consumidor. Busque inspiração em empresas que trazem design funcional em suas peças e aposte em modelagens multifacetadas – não hesite em mostrar o potencial do seu produto.

     

  3. Busque tecnologias sustentáveis na área têxtil.

    O apelo por produtos que possam ser lavados com menos frequência, que não necessitam de água quente e secam rapidamente irá aumentar. Pense em um mundo pós-pandêmico no qual a preocupação com a higiene pessoal ganhou novos critérios e a procura por tecidos antibacterianos e antimicrobianos aumentou. Como a Malwee mostrou, há espaço para inovação e um campo a ser explorado.
     
  4. Aproveite oportunidades de revenda e ações de fidelização

    Os consumidores jovens são compradores e vendedores ativos no espaço de revenda e o enxergam como uma maneira de amenizar a alta dos custos. Invista em ações e parcerias com plataformas de revenda de produtos de moda, acessórios, sapatos e decoração.  Busque parcerias com empresas do seu setor para criar serviços de conserto, manutenção e reparo sustentáveis. Programas de customização de objetos para reaproveitá-los, investimento em produção de objetos multifuncionais, design adaptável, programas de descarte com recompensa e restauração com desconto são soluções que podem contribuir na fidelização dos compradores. Além disso, o reaproveitamento de material pode contribuir para a redução de custos de produção.

Para conhecer as previsões da WGSN que estão guiando as principais marcas de moda pelos desafios dos últimos anos, agende uma demonstração com o nosso time de experts através deste link e conheça mais sobre a plataforma WGSN Fashion.

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